O sonho de hoje foi sensacional. Daqueles que a gente pode jurar que aconteceu de verdade. Uma loira monumental, corpo bem torneado e todos aqueles requisitos que padronizam as chamadas “gostosas”, andava totalmente nua pelo centro da cidade. Mães tapavam os olhos de seus filhos, tiazinhas de meia idade praguejavam contra a “desaforada” e, claro, marmanjos perdiam os sentidos perante tal deliciosidade. A mulher, por sua vez, parecia estar alheia às reações. Esvoaçava os cabelos ao vento na mais pura naturalidade.
Não perguntem o que aconteceu depois. Como todo sonho bom, o galo cantou precipitadamente. Fazer o que... Apesar da dura constatação, a maneira desembaraçada com que a mulher desfilava pela onírica rua, à despeito de tudo e todos, passou a me encucar durante o dia. O assédio mental foi tamanho que uma dúvida brotou no solo fértil da imaginação: como seria se todos andássemos nus?
Narra a Bíblia que, no princípio, a nudez era vista com pureza, até que Adão se interessou pela “maça” de Eva, gostou da fruta, e não parou mais de consumi-la. Desde então, passamos encarar de forma vergonhosa nosso corpo.
A cultura dos adereços para tapar os sexos, a perda da pureza, veio junto da degeneração e da depravação humana. O ser humano, com sua mania de fantasiar o desconhecido, fetichizou aqueles componentes mais escondidos de sua anatomia. Hoje em dia, muitas pessoas se olham mais como parceiros sexuais em potencial do que como seres humanos capazes de outras relações. Muitas dessas fantasias fogem do limite saudável e tornam-se patologias.
Mas voltando à questão. Se, de uma hora pra outra, todo mundo resolvesse andar nu, a reação das pessoas seria parecida com o que ocorreu no sonho. Senhoras indignadas praguejando, homens sedentos fitando e crianças curiosas perguntando. Mas quanto tempo duraria isto? Talvez o mesmo intervalo entre a escandalização e a banalização, como nos exemplifica diuturnamente a mídia.
Com tempo, todos passariam a encarar nossos órgãos censurados como, de fato, nunca deixaram de ser: simples partes do corpo. O sexo, talvez, voltaria a ser a celebração suprema do amor, da intimidade entre os casais. E sobraria um pouco mais de espaço na mente dos jovens para ações mais socialmente engajadas.
Muito bem. À partir de hoje, liderarei o “Movimento do peladão!”, pela descriminalização da nudez, e pelo direito constitucional à liberdade de escolha, no caso, a de andar sem roupa. Sim, sim, está tudo tão claro! Vamos acabar com essa hipocrisia. “Deixa” a tiazinha se benzer escandalizada e chamar a polícia. Problema dela! Quem vem comigo? Vamos gente, quem é o primeiro a tirar a camisa? Alguém? (som de grilos) Bom, tem coisas que é mais fácil em sonho mesmo. Acordado, meu juízo e minha “moral cristã” ainda falam mais alto.
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