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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Falar de sexo com as crianças é papel da escola e dos pais

A sexualidade faz parte de todos os seres humanos, e lidar com elas é um desafio para todos. Porém, quando se trata das crianças, como educá-las sexualmente? E como a escola pode ajudar na hora de falar sobre esse tema tão delicado?
A jornalista Clara* está enfrentando essa questão com sua filha de sete anos. Ela pretende ter mais um filho e "ela vive dizendo que quer ver quando o maninho for feito", conta. "Ela conta para todo mundo, me deixa numa saia justa", completa. A resposta de Clara costuma ser que essa é uma situação que não tem como ver, que não se enxerga isso acontecendo. Porém, a mãe tem muitas dúvidas sobre como falar sobre o assunto.
Para a pedagoga e sexóloga Ariana Magalhães, a educação sexual não deve ser vinculada apenas a aspectos corporais, mas principalmente com o desejo, o sentimento e como nos sentimos sendo homens ou mulheres. "Deve proporcionar uma integração entre características físicas, emocionais, intelectuais, sociais, históricas e culturais", afirma.
Por ser um local em que crianças e adolescentes passam grande parte de suas vidas, a escola é um lugar privilegiado para aprendizagem, construção de valores e formação de consciência humana. "O papel do colégio deve ser o de priorizar os questionamentos dos pais e dos estudantes, informando, conscientizando e desmistificando crenças e tabus", diz Ariana.
Clara acredita que a escola deve ser um apoio, que complementa a educação se dá em casa. Porém, uma mãozinha não seria de se jogar fora quando o assunto é sexo. ¿Neste caso, sinceramente, acho que seria mais fácil se a escola ajudasse, porque é um assunto delicado. Acho que a mensagem precisa ser passada corretamente, e a didática pra isso é muito importante¿, argumenta.
Ariana acredita que há uma falha na formação acadêmica dos professores, que não tiveram a oportunidade de conhecer e discutir sobre sexualidade. "É preciso um investimento maior nessa área, para que possibilite nossos educadores um conhecimento aprofundado sobre o assunto, gerando mais tranquilidade e confiança para abordar o assunto", opina.
O trabalho deve ser realizado desde a educação infantil, para ajudar mães como Clara a sanarem as dúvidas dos seus pequenos. Aliás, nessa idade, as crianças já têm até manifestações sexuais, como o ato de chupar o dedo, o controle do esfíncter e a masturbação. "Elas são naturais e devem ser vividas para que a criança possa desenvolver a sua maturidade sexual, sem traumas nem tabus", alerta.
Apesar da importância da escola nesse processo, os pais permanecem com um papel fundamental. É no núcleo familiar que as crianças aprendem os primeiros conceitos sobre o seu corpo, sua identidade e sobre o que é permitido ou desaconselhável na sociedade em que vive. A pedagoga lembra que a atitude dos pais em relação à sexualidade é a principal influência na educação sexual dos filhos. Quando há perguntas esclarecidas e demonstrações de afeto, a criança assimila a capacidade de amar e erotizar-se.

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