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sábado, 22 de janeiro de 2011

Sexo, guitarradas e um Homem Tigre

Corações a arder, ouvidos a estourar, olhos cintilantes... um cenário extremo e apetecível que abalou a rotina das noites de sexta-feira, na Invicta. O Lendário Homem-Tigre inundou o Coliseu com as suas guitarradas, que ecoavam os sons provenientes do Mississípi, esvaziando um pouco a maré de pessoas, que tende a se abater sobre a Baixa do Porto.

Desde o momento em que entrou em palco até ao último acorde, The Lengendary Tigerman não deixou de seduzir o público, não só musicalmente, mas também sexualmente. Não foram raras as imagens de mulheres nuas ou em lingerie projectadas nas telas que o rodeavam o artista. As próprias vocalistas seduziram quer pela sua voz, quer pelos seus movimentos e irreverência.

À primeira nota musical surge uma imagem da cara de Asia Argento, projectada numa tela gigante, atrás de Paulo Furtado, que deu música às palavras que saiam dos lábios carnudos da actriz, que cantava My Stomach Is The Most Violent of All of Italy . O olhar da italiana seduziu o Coliseu, mas a voz de Lisa Kekaula, não ficou atrás. Ao entrar em palco para interpretar Walkin’ Downtown, a norte-americana, que já colaborou com nomes como Basement Jaxx e The Bloody Beetroots, recebeu uma ovação de palmas. No entanto,  seria com The Saddest Thing to Say que Lisa Kekaula provocaria a histeria.
De cabelos dourados e com um longo vestido azul, Cláudia Efe interpretou Honey You’re Too Much e Light Me Up Twice. Apesar do seu ar angelical, a cantora depressa se revelou uma verdadeira diabinha que levou a temática do concerto mais longe, ao abrir a saia do seu vestido e mostrar as suas pernas e roupa interior. Na primeira música, cantada pelo belo demónio, o desejo do público era ainda maior, uma vez que estavam a ser projectadas imagens da Sofia Aparício em lingerie, peças de roupa que acabaram por ficar de lado no vídeo que ilustrou, à letra, a música Naked Blues.

Nem só de alusões ao sexo e sensualidade se fez o concerto de Paulo Furtado. Durante as duas horas de concerto houve, também, tempo para o amor. A personificá-lo esteve a amorosa Rita Redshoes, que deu voz a Hey, Sister Ray. Já no segundo encore, a temática do amor voltou a ser abordada ao som de True Love Will Find You In The End, um original de Daniel Johnston. O apaixonado The Lengendary Tigerman aconselhou os seus fãs a procurarem o seu verdadeiro amor ou a “levarem-no para casa”, caso já o tenham encontrado.

Outros clássicos revisitados pelo ‘one man show’ português foram These Boots Are Made For Walking de Lee Hazlewood, tema gravado em Femina com a voz de Maria de Madeiros, e Jockey Full Of Bourbon, de Tom Waits, cantado por Lisa Kekaula, ao som das batidas de Rita Redshoes.

O desfile de convidados continuou ao longo do concerto: Dead Combo, DJ Ride, DJ Nelassassin, Jim Diamond, Mick Collins e Wraygunn. O baterista e guitarrista americanos surpreenderam pela sua mestria e ajudaram Paulo Furtado a suportar músicas mais complexas. Já os DJS convidados não acrescentaram nada de relevante ao concerto, a não ser um ruído incomodativo. A banda berço de The Legendary Tigerman revisitou o famoso Go Go Dancer e apresentou uma nova música, Cursing, onde Selma Uamusse revela o potencial das suas cordas vocais. O violoncelo de Pedro Gonçalves e a guitarra de Tó Trips também marcaram presença em músicas como Lusitânia Playboys, original dos Dead Combo.

Apesar de todo o rock n’ roll e sensualidade, o concerto desiludiu, não pela prestação dos músicos, mas sim pela inércia que mantinha o público preso ao chão. Paulo Furtado e Cláudia Efe desafiaram o público da plateia a se levantar e aproximar do palco, mas mesmo de pé, continuaram estáticos. A sala do Coliseu, por encher, parecia congelada, talvez devido às baixas temperaturas. Já para o concerto de hoje, em Lisboa, espera-se um ambiente mais quente, com uma sala esgotada e irrequieta, a não ser que fique siderada pela voz desafinada de Rita Braga, que transformou a primeira parte do concerto em vinte minutos de sofrimento.

Na memória fica uma noite cheia de sensualidade, mulheres, rock n’ roll, e um Paulo Furtado no seu melhor, rodeado por músicos de grande valor. 

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