Ariadna Thalia e Rodrigão: a transexual é a preferida das travestis maringaenses, já o galã paranaense não conseguiu conquistar a simpatia da comunidade gay da cidade
Na esquina da Av. Herval com a Av. Brasil, às 1h15, numa sexta-feira de poucos clientes, a travesti Sara Rodrigues, 23, topou comentar a participação da transexual Ariadna Thalia, selecionada para o Big Brother Brasil 11.
Mesmo sem ter visto a imagem de Ariadna, que fez cirurgia para mudança de sexo e alterou seus documentos - sendo legalmente reconhecida como mulher -, Sara tem esperança de que a nova edição do BBB possa encerrar, de uma vez por todas, o preconceito vivido, diariamente, por ela e suas colegas travestis. "Tomara que ela mostre na TV que travesti não é marginal, não é vulgar", diz.
Flertando com os motoristas dos carros que cruzavam a Av. Brasil, a travesti Sara, que na carteira de identidade é Wuelison, assumiu sua identidade feminina há dois anos e, nesse período, a discriminação não partiu apenas do público heterossexual.
Sara Rodrigues, Rafaela Schneider e Bruna Stephany:
presença de transexual na casa pode diminuir preconceito

Mudar estereótipos
Para a travesti Rafaela Schneider, 19, a participação de uma transexual no BBB 11 é capaz de mudar a opinião pública sobre os estereótipos envolvendo os travestis e transexuais. "O preconceito que as pessoas têm com a gente vai acabar. Torço por ela. Tomara que o povo passe a ter mais respeito com a gente", diz, otimista, enquanto acena e manda beijos a alguns motoristas que cruzam a Av. Brasil.
Caminhando num salto alto, de mini shorts e blusinha justa, a travesti Bruna Stephany, 19, vê a participação da transexual na nova edição do BBB como um avanço para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
"Isso mostra que o País está enxergando o homossexualismo de uma nova forma. O preconceito tem que acabar", diz.
Respondendo a todas as perguntas, na esquina da Av. Herval, com um tom de voz insinuante e um olhar malicioso, Bruna deseja que a BBB transexual, Ariadna Thalia, seja mulher em tempo integral. "Tem muita gente que acha que é travesti, mas não é. Às vezes, inclusive, os gays têm mais atitude de travesti do que as mulheres. No programa, vou torcer por ela. Quero que ela seja mulher 24h", diz.
Enquanto os travestis prometem votos e empenho na campanha à participante transsexual, a poucos metros da Av. Brasil, numa casa noturna GLS, no centro da cidade, o estudante maringaense Danilo L., 20, não teme que os homossexuais sejam estereotipados pelo programa global.
"Depois do Serginho (BBB 10), os gays ficaram estereotipados, mas não vejo isso como algo negativo. Até mesmo quem não era gay gostou dele", avalia o estudante, que assumiu a homossexualidade há 2 anos.
O estudante maringaense prefere que Daniel Rolim, homossexual assumido, adote uma postura pudica durante o período de reclusão do BBB.
"Não gostaria que ele agisse de uma forma promíscua, que agisse feito um safado", diz. Sem tomar partido precocemente, Danilo não sabe em quem vai torcer. "Não vou torcer pelo Daniel apenas por eler ser gay. Também não sei se vou torcer pelo maringaense", diz.
Já o estudante homossexual Matias K, 20, deseja que Daniel seja o menos afeminado possível. "Nem todo gay gosta de vestir roupa de mulher. Eu, por exemplo, estou vestindo uma camiseta, igual a do (cantor) Fiuk, calça jeans e sapatênis: sou bem machão", diz.
Na corrida pelo prêmio, ele ainda não tem o seu predileto. "Não importa se o cara é gay ou não. Vou torcer por alguém que tenha um bom caráter", diz. O modelo maringaense Rodrigão já está descartado pelo estudante. "Já vi a cara dele e não gostei", diz.
Na opinião do editor do site maringay, Luiz Modesto, 28, a seleção do BBB mostra uma nova postura de TV aberta. "A próxima novela da Globo vai ter um núcleo gay. Terá um personagem que é advogado e outro que é professor universitário. A Globo, a MTV e até a Record estão retratando os homossexuais de uma maneira mais séria", avalia.
Modesto diz que não é fã dos realitys shows. "Não vou torcer para o homossexual, nem para o transsexual ou para o maringaense. Vou torcer para que a Globo não seja preconceituosa durante o programa", diz.
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